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Turma do 3º Semestre de Psicologia - UNIFCV
Hilton Cobra em “Traga-me a cabeça de Lima Barreto!” no Teatro
Via Sesc São Paulo
https://www.youtube.com/watch?v=aK_awgCnrUE
Livro: Histórias de Ninar Para Garotas Rebeldes - Vol. I
por Elena Favilli e Francesca Cavallo
Kate Sheppard - Sufragista
Documentário:
Emicida: Amarelo - É Tudo Pra Ontem (2020)
Netflix
Texto e Narração: Alisson Bruno
Narração: Darlise R. Gomes Pereira
Edição: Lucas de Lima
E-mail para contato: psi.noturnofcv@gmail.com
Texto utilizado no podcast
Exu mata um pássaro ontem com uma pedra que SÓ jogou hoje
O lugar para onde a psicologia direciona seu olhar hoje, pode não só projetar um futuro diferente como lançar um novo olhar sobre um passado que ecoa vozes que jamais foram veladas.
Buscar uma psicologia que estrutura seu trabalho na promoção das liberdades, questionando seus limites e se aprofundando sobre os mecanismos que cerceiam a liberdade de corpos específicos, é realizar essa tarefa do qual emerge dos dias atuais: um trabalho que busca a promoção da saúde em seus mais diversos níveis e com responsabilidade também na construção da base teoria e dos instrumentos que nos utilizamos.
Toda casa necessita de uma estrutura para que se mantenha firme; sabemos já no projeto onde ficara a sala, a cozinha, a quantidades de quartos e como será a distribuição dos espaços; sabe onde se levanta as estruturas certas para que toda casa não desabe sobre nossas cabeças. Aqui podemos pensar a estruturas dessa casa, ou dessa psicologia, nos lembrando de pelos menos três itens dos princípios fundamentais de nosso código de ética, que são:
I. O psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nos valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
II. II. O psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas e das coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
III. III. O psicólogo atuará com responsabilidade social, analisando crítica e historicamente a realidade política, econômica, social e cultural.
Pensar o tipo de psicologia que projetamos para o futuro passa pelo reconhecimento de vozes que foram mantidas em silencio sejam por projetos políticos, econômicos, sociais e culturais, e legitimar seus espaços. Lembrando por exemplo do que Emicida fala em seu documentário ao citar o ditado: Exu mata um pássaro ontem com uma pedra que SÓ jogou hoje. Ou seja, lembrar o compromisso do aprimoramento profissional com o reconhecimento das realidades que existem no plural e sobre suas contribuições para a psicologia nos âmbitos científicos e práticos. Não basta só as poltronas da clínica, o psicólogo precisa estar na rua.
A psicologia projeta seu olhar para os corpos ausentes lembrando que todo e qualquer sujeito ainda é o protagonista da própria história e que cabe partir do sujeito para então pensar nossas práticas, nossos métodos. O sujeito aqui retornara ao seu lugar e seu documento de posse é sua própria história. Contudo a psicologia não pode só projetar a casa de forma autônoma já que não basta somente a ela o trabalho de ressignificar o passado e projetar o futuro, mas também de todas as demais áreas de conhecimento que se propõe a analisar a forma como nos organizamos. Deixa de lado o complexo de salvador e nos colocamos par a par com a sociedade lembrando do compromisso de dialogar com as diversas esferas da sociedade, buscando projetar uma casa onde não faltara cômodos necessários que abriguem todas, todos e todes.
Pensar os ausentes é pensar o hoje, o amanhã e ontem. Pensar os ausentes é modificar as estruturas seja elas o racismo, machismo, lgbtfobia, ou um sistema econômico que se alimenta dessas violências. Pensar os ausentes é lançar a pedra hoje para que o passado não seja só um reflexo do nosso amanhã.