Bordel no Nordeste by Guga Schultze published on 2012-11-23T16:22:09Z bordel no nordeste uma ladra de raios desmedidos uma lua barrenta e duradoura uma lua mulher, dissimulada uma gata com ratos por maridos profissão, sua fé, sua lavoura uma dor sem data, estrangulada uma dor total, disseminada uma dor dorsal, ventre varrido e a moça é boçal, noturna e loura e a noite é de ninguém, a nuvem vindoura uma nuvem de homens repelidos a semente de dor foi fecundada e reflexos na noite refletidos recolhendo os vícios e as cenouras o passado, o eco e as ossadas a memória, o vento e os latidos lívida no leito, virgem auxiliadora no leito sem calma, estúpida e esmagada pelo peso de ratos, deuses e bandidos um de cada vez, veloz, enternecido dois em cada três terão envelhecido o corpo descoberto da cadela mais cansada e o beijo que é lama e a dor, nenhum gemido mulher mula, mulher muda, mulher moura olhos sem amor vazados para o nada uma ladra de raios desmedidos numa várzea de prazeres, por agora foi comprada, ferida, abandonada um amor que ela teve foi-se embora uma ruiva de raios desmedidos deusa doida e uma dádiva danada nessa casa em que o dia não tem hora um amor que ela teve foi banido